Foto: Wilton Júnior/AE - 4/9/2010 |
Você lembra há quanto tempo não tínhamos um técnico com o nível de acerto do Renato Portaluppi? Vá pensando, enquanto tento construir uma crônica digna do nosso comandante.
A trajetória se inicia em agosto do ano passado, trazido pela gestão Duda Kroeff, e assumindo o manche da nave gremista em meio a uma tempestade somente comparável a uma outra, que levou o clube à segunda divisão, na metade da década. Para incredulidade geral, inclusive minha, Renato tirou o time da zona do rebaixamento e o conduziu à melhor campanha do segundo turno do Brasileirão 2010, entre todos os participantes, classificando-o para a Taça Libertadores 2011.
A bela e surpreendente campanha foi desenvolvida e conquistada pelo conjunto dos profissionais do Grêmio, mas é inegável e quase palpável a influência das decisões do treinador tricolor no resultado então alcançado, através do comando absoluto do vestiário, das indicações de jogadores baratos e eficientes, que vieram para completar o elenco e, fundamentalmente, por um posicionamento tático ofensivo, de time grande, jogando e ganhando na casa do adversário, como se estivesse na Azenha.
2011 iniciou e ainda não havíamos acordado, pois era um pesadelo atrás do outro, tal foi o desacerto geral da direção gremista no início da temporada, mas bastou a bola sair da salas diretivas e rolar no gramado, para novamente voltar a tranquilidade à torcida gremista. O time já tem a melhor campanha do Gauchão, com direito à vitória no Gre-Nal - ressalva para a palestra de Renato e mexida vital no time no intervalo, virando o jogo, por telefone - e está classificado para fase de grupos da Libertadores, com demonstração de coragem e visão de jogo, retirando o titular Adilson ainda no primeiro tempo do jogo com o Liverpool e colocando no lugar o atleta Vinícius - indicação dele -, que faria os dois gols que selaram a vitória e a classificação.
O comando do treinador não aparece somente no vestiário e no campo, mas na montagem do plantel, com indicações viáveis economicamente e eficazes, tecnicamente, muitas vezes emprestando ao clube seu prestígio pessoal e amizade com atletas, na definição das contratações, como nos casos de Vinícius Pacheco, Rodolfo e a mais recente, do atleta Carlos Alberto. Sem contar o trabalho pontual na recuperação do melhor futebol de atletas, notadamente no caso de Douglas.
Conseguiu lembrar de um técnico com índice de acerto parecido com o do Renato? Eu estou tentando lembrar, e ai me vêm nomes como Telê Santana, Luis Felipe Scolari, mas ainda não vi um portfolio de atributos tão decisivo, como o do atual comandante tricolor, na performance do futebol gremista.
Não é demais lembrar que quando chegou, Renato Portaluppi só era consenso em dois segmentos: direção e torcida. A imprensa e os sábios do futebol aqui no estado do RS julgavam o ex-jogador Campeão do Mundo, um técnico inexperiente e de currículo e projeção menores que o exigido para ocupar o cargo no Grêmio.
O Editor