O mundo futebolístico cada vez mais sai de campo e frequenta as salas dos executivos dos grandes, mas quase sempre ocultos, protagonistas do esporte mais popular do planeta. Desta vez está em jogo uma instituição fundada pelos maiores interessados, os clubes de futebol, justamente para enfrentar esses momentos de crise e grandes decisões.
No gabinete do presidente da CBF, há muito essa discussão foi aberta, tendo como interlocutores diretores da Globo. Na primeira tentativa de amenizar o poder dos clubes, substituindo o primeiro mandatário do Clube dos 13, colocando no lugar o amigo de Ricardo Teixeira, Sr. Cleber Leite, não deu certo, pois os clubes votaram, na sua maioria, em Fábio Koff.
Agora, na iminência da batida de martelo da licitação, tendo a Rede Record chances reais de sair vitoriosa com sua proposta de 1,3 bilhão, pelos direitos de televisionamento do campeonato brasileiro - o que mais que dobraria o valor recebido pelos clubes -, não restou outra alternativa ao consórcio CBF/GLOBO, senão jogar pesado contra as aspirações do Clube dos 13.
O primeiro míssel foi disparado em direção à Gávea, tendo na ogiva um título de campeão brasileiro como presente. O "acerto" com o Corinthians já havia sido realizado bem antes - e envolveu a destituição do Morumbi da Copa de 2014 e a "nomeação" da futura Arena do Corinthians -, com promessa da Globo de engordar o cheque dos direitos televisivos substancialmente, onde já estaria compensado o valor adiantado pelo Clube dos 13 ao clube do Parque São Jorge, que certamente seria cobrado, quando o presidente corintiano manifestasse desejo de se desfiliar, como fez agora.
Mas isso não chega a surpreender, pois só não conhece o "currículo" do Sr. Ricardo Teixeira e a falta de escrúpulos da Rede Globo, quem não convive com as coisas do futebol. O que realmente surpreende é a faceirice do presidente do Grêmio, Paulo Odone, ao relatar à imprensa as cifras que estaria negociando com a Globo diretamente.
O Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense "cedeu" o presidente do Clube dos 13, Sr. Fábio Koff, ao futebol brasileiro, pela unanimidade nacional em relação aos atributos de honestidade, ética, competência, seriedade, postura e respeitabilidade que a figura deste gremista e Juiz aposentado sugerem à todos que o conhecem.
Assim fica realmente difícil entender a postura do Sr. Paulo Odone.
Que existem divergências políticas entre ele e o Dr. Fábio é notório, mas a ponto de se antecipar nas negociações diretas com a emissora líder, negando apoio ao Clube dos 13 e ao presidente da instituição que representa o Grêmio junto às emissoras de TV é demais. Cheira a revanche política, pois em termos de valores, o Grêmio receberia mais com a proposta – que vasou - da Record, que participa da licitação promovida pelo Clube dos 13. Ou seja, não é verdade que o Grêmio, ao negociar diretamente com a Rede Globo vá ganhar mais do que ganharia com a negociação a cargo do Clube dos 13. É mais provável, isto sim, que a partir dos contratos seguintes, negociando diretamente, venha a ter o valor diminuído, por força da falta de poder na negociação, por estar sozinho.
E o Conselho Deliberativo tricolor, vai deixar nas mãos de Paulo Odone mais essa aventura, que por sinal tem valores parecidos com a proposta que ele fez ao tal jogador que ficou de vir, mas não veio?
O Editor