terça-feira, 27 de setembro de 2011

Retomando as rédeas...

Cesar Faccioli
Um desalento existencial me fustigava, tal qual um centromédio (ancestral remoto do atual volante centralizado) rondando um ponta-de-lança (função também extinta e que não encontra similar no atual sistema tático do Celso Roth). 

Apático, quase sedado, um desistente, nocauteado em pé, com a contagem aberta, eu estava prestes a capitular diante de um horizonte carente de perspectivas, não apenas pelos resultados do Grêmio, mas, especialmente, pelo discurso justificador e conformado de seus dirigentes.

Mesmo que o "ano tenha acabado", por dever cívico continuo assistindo a todos os jogos do nosso time e, mecanicamente, entoando os cânticos que remetem a feitos épicos e a heróis que emolduram nossa memória e povoam nosso autismo coletivo.

Vivo de mitos, de lembranças, de um Olimpo (ou Olímpico) de deuses que já se aposentaram há mais de uma década.  E sigo cantando, a plenos pulmões, que “o Grêmio vai sair campeão”. Mas quando, pai, no próximo domingo?  perguntam-me  meus dois  filhos menores. Graças a Deus (que deve ser gremista, mesmo!), ainda consigo iludi-los e nem preciso de sofismas ou de instrumentos de oratória política; não preciso sequer infantilizá-los, pois eles, sendo crianças, já  são infantis, e o que é melhor, desinformados.  Posso continuar  fingindo não  perceber que a dimensão institucional do Grêmio, na última década, vem sofrendo  graves episódios de apequenamento.

Já minha filha adulta, tão gremista quanto os pequenos, mas infinitamente mais consciente ...a ela só me resta pedir constrição, resistência, paciência,  tenacidade e o velho clichê: amor incondicional. Minha estratégia principal, com ela, confesso, é diversionista: quando seus questionamentos são muito densos e não encontro respostas razoáveis, tergiverso, mudo de assunto e enfatizo que, em breve, ganharemos o "Gre-Nal dos estádios" (contando, é claro, que eventual futuro aditamento do contrato deles com a empreiteira deles, não inclua novas cadeiras, suplantando a capacidade da Arena...).  

Mas o pior ainda não contei. Não estava apenas enganando meus filhos, única forma de mantê-los gremistas, mas percebi que estava, eu mesmo, acreditando nas fantasias de um Grêmio copeiro e imortal. Começava até a acreditar que ser finalista do Gauchão é glorioso e que a copa sul-americana é uma meta digna, um torneio charmoso e quase interessante, quiçá ambicionado por muitos clubes (o Juventude, por exemplo...).

Preciso me irresignar com esta realidade, gritei – em silêncio –  mas, credo! Percebi ter perdido até boa parte de minha capacidade de indignação. Aquele desalento aludido no início deste artigo avançava de modo sistêmico (aliás, melhor que o sistema do Roth). O que está acontecendo? Já acho até normal ser goleado pelo Ceará! 

Reage, tu é gremista tchê! ...digo, enfática e reativamente, a mim mesmo, ainda em silêncio (que não vou dar chance de colorado me tirar pra louco por falar sozinho...).

Onde está o Dinho interior que habita a alma de todo gremista? Cadê o meu China anímico? Quero redescobrir meu espírito de Ortunho (aqui uma referência transmitida por meu pai, porque não sou tão velho assim).  Porque não dou um “carinho” (por trás, no tornozelo, para explodir os ligamentos, mesmo...) nesta  apatia paralisante.

Ora, o gremista é, por natureza, um ser crítico, inconformado, propositivo, participativo, que, se necessário, "carrega o time no colo". Mas tem que ter time para carregar, responde meu maldito superego, com a convicção e com a  ironia de Oswaldo Rolla, o inesquecível Foguinho (sugiro que os jovens gremistas, carentes de paradigmas, pesquisem quem foi Foguinho, como eu fiz). Não importa, sentenciei (ainda secretamente, tal como um ato do Senado...). Chega de marasmo, abaixo a apatia, xô conformismo!

Cansei de apenas aceitar, de endossar, de avalizar, de concordar e me conformar. Não aceito mais! Quero um time melhor; quero atitude, exijo mais comprometimento dos atletas; quero competência na gestão do futebol; quero saber ‘de cor’ a escalação do meu time; quero administração moderna e de resultados; quero mais democracia interna; quero mais espaços e ferramentas de participação do associado do Grêmio, além do Conselho Deliberativo; quero um outro DVD para minhas próximas festas em família e para os encontros do Grêmio Unido.

Chega da “Batalha dos aflitos”! É pouco, é insuficiente, é menos que o Grêmio, muito menos, com todo o respeito ao brioso Lipatin (sugiro aos mais jovens não pesquisar a história deste modesto centroavante) ...é quase aviltante!

Convém lembrar que o amigo de verdade é aquele que, com lealdade fraterna, aponta os defeitos, indica caminhos, participa das soluções. Então, proponho, façamos isto. Esta é a nossa missão, nosso dever de gremistas. Não vamos maquiar a realidade.

Reagir é a ideia-força, com civilidade, organização política, participação crítica, colaboração em todas as iniciativas do Grêmio mas, lembrando sempre, nós somos autores, protagonistas, sujeitos da história do Grêmio, não aceitemos ser reduzidos a objeto, ninguém vais nos "coisificar". Vamos reassumir nosso verdadeiro papel, o de protagonistas.

E para isso, consuma muito os produtos oficiais do Grêmio e ajude o clube a combater evasão de receita pela pirataria; quem não for sócio, se associe, e quem já for, cogite seriamente ter alguma participação política no nosso clube.

Não se contente em ser apenas eleitor ou "corneteiro" de rede social. E querendo integrar algum grupo organizado, pesquise, informe-se. Todos nasceram da mesma missão comum, ajudar o Grêmio e todos merecem, por isso, nosso respeito.

Nós somos um destes grupos, somos o GRÊMIO UNIDO. Somos, também, uma associação, sem fins lucrativos, cuja finalidade principal é executar ações que, direta ou indiretamente, agreguem valor à marca GRÊMIO, notadamente no âmbito do atendimento da responsabilidade social. Venha nos conhecer, participar, atuar e construir esta história.

Lembre-se: você é o único dono do Grêmio, então comporte-se como tal! Não vamos passar o resto da vida restaurando o VHS do filme do mundial de 83. Um grande estádio é importante, mas o que queremos, mesmo, são outros grandes títulos e a valorização mundial da marca GRÊMIO. Então nos ajude na construção destas novas e épicas façanhas e a não permitir que o GRÊMIO se afaste do seu destino de glória. Até porque, como diz a música, Deus é Gaúcho...e, com certeza, gremista.

Nosso site é....
Nosso blog...

Cesar Faccioli
Associado do Grêmio Unido e Ex-conselheiro do Grêmio F.B. Porto Alegrense